Esse semestre FINALMENTE abriram a turma de Fotojornalismo e, claro, me matriculei. Acho que posso falar pela maioria dos estudantes de jornalismo que essa é uma das matérias mais estimadas, até pelos que não se interessam tanto por Fotografia.
Fiquei ainda mais animada depois de conhecer o Professor Chagas Sá, super top, atencioso e paciente, está sempre disposto a tirar dúvidas e nos desafia (MESMO!). Assim, ele nos propôs um trabalho para a primeira nota da disciplina: um ensaio conceitual em preto e branco (<3), tema livre, mas fora de estúdio para manter "a vibe" fotojornalística, doze fotos, uma revelada em 20x25 ou 20x30. Somente FANTÁSTICO! (risos)
Quebrei bastante a cabeça para pensar num tema, pensei em um, dois, três e desisti. O dia da entrega foi chegando e eu estava desanimada por estar sem uma ideia e também por estar chovendo. "Chovendo!!!", pensei. É isso aí, farei fotos da cidade num dia de chuva. Passei a mão na câmera coloquei na bolsa, sai... e esse foi o resultado! Nem preciso dizer que as fotos são expressão maior de mim, algo extremamente íntimo, gosto de chamar isso de "inner urge", impulso interior.
Nesse projeto, contei com a ajuda do meu - inseparável - amigo Luiz Felipe Gomes, que elaborou um texto sobre o ensaio e expressou brilhantemente aquilo que tentei passar nas fotos. O texto também será postado aqui para vocês lerem, tenho certeza que será um deleite.
Sem mais palavras e enrolação, vamos às imagens, que valem mais que palavras (às vezes), (risos).
Lisys D.
“Molhado”
"O ensaio fotográfico “Molhado” retrata uma
noite de chuva em Nova Friburgo, mostrando a presença de focos de luz dispersos,
a correria das pessoas com seus guarda-chuvas e a beleza urbana em si traduzida
em cimento e arborização. As fotos revelam um caráter surreal e etéreo tornando
as fotografias pequenas fatias de realidade transformada.
A
água da chuva por sua vez toma conta das ruas e fazem delas espelhos que
refletem todas as cenas locais, causando o despertar da imaginação nas pessoas.
Avenidas e calçadas se tornam modelos d’água refletidos pela própria luz
ambiente. As gotas de chuva dão brilho a tudo que tocam.
Os
monumentos históricos e os objetos do ambiente societário das praças têm suas
formas valorizadas com os chuviscos causando certo realce. O efeito preto e
branco ou simplesmente os tons de cinza, impactam e ao mesmo tempo dramatizam a
cena fotografada.
Se
tratando de uma cidade consideravelmente grande, o corre-corre nas ruas é muito
comum e em dias de chuva os passos das pessoas tomam mais velocidade. Com ou
sem guarda-chuva não há alguém que prefira passar mais tempo diante daquela situação.
Dessa forma, fotografar a correria trouxe bastante movimento às fotos ao mesmo
tempo que congelou todo sentimento e estado que a chuva traz... e deixa.
A
fotografia noturna por sua vez não é muito fácil de ser feita e em dias
chuvosos essa dificuldade aumenta. Assim, alterar cuidadosamente a
sensibilidade do ISO foi essencial frente à luminosidade oscilante da cidade. A
opção por fotos mais escuras e em preto e branco, facilita o trabalho e o
objetivo do fotógrafo, que nesse caso específico, era captar a escuridão e os
raros focos de luz que percorrem, vez ou outra o breu. É imprescindível
destacar o objetivo de algumas fotos que, desfocadas propositalmente, contribuem
para a aura sonhadora do ensaio e a visão prejudicada pelos chuviscos.
Conquanto,
“Molhado” traz cenas de luz, refração e arte, mediante o movimento e brilho.
Misturando o escuro da noite com a luz da fotografia, o ensaio transmite em si
a beleza de um olhar frente aos mistérios de uma noite de chuva. Mostrando que
os chuviscos caem não apenas para alterar o ambiente drasticamente, mas sim
para realçar e dar brilho aquilo que a seco já possuía seu valor."
Luiz Felipe Gomes