quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Registrando o passado

Desde que me mudei pra casa que cresci, fico lembrando das brincadeiras, das bagunças com minha irmã e meus primos, da disposição dos móveis, dos jogos, das risadas e da voz da minha mãe. É bem verdade que tudo mudou muito, o sobrado com duas garagens ganhou mais uma casa e uma lajezinha onde havia duas varandas e a laje antiga foi praticamente abandonada.

Eu, porém, totalmente influenciada por essa nostalgia, resolvi subir até a laje e observar, ficar um pouco ali, sentar e lembrar de tudo o que já vivi naquela laje. Lembrei das galinhas, dos brinquedos, da escolinha à esquerda, da casa de pintinhos à direita, da rede e das plantinhas da vovó em frente, do balanço... quase chorei, claro. Aos poucos, fui voltando ao ano de 2013, mês de outubro, dia 16, logo depois do almoço, chovia. A Lisys de 2013 percebeu que aquilo tudo era ótimo para ser revivido e princialmente, FOTOGRAFADO.

Logo saquei minha câmera e comecei a transformar todo aquele cenário em fotografia, gostei do resultado, apesar de não ter sobrado quase nenhum brinquedo da minha época, fiquei surpresa como somente as coisas velhas do tempo da minha avó permaneceram! Apesar da aparência de abandono, algumas plantinhas guerreiras ainda estão por lá e um morango silvestre sobrevivente também. Gostei tanto de poder registrar aquilo tudo... e como gostei tanto, resolvi postar no blog e compartilhar com vocês. Espero que aproveitem e curtam tanto quanto eu curti:


Dois ferros de passar mais pesados que minha filha, ahaha.


 Os adultos costumavam retirar essas casas de marimbondo, hoje acho que ninguém tem coragem, ahaha.


Eu, minha irmã e meus primos brincávamos com essas garrafas e potes. Adoro as formas delas, são as mais variadas.


Gostei de encontrar essa plantinha por lá.


Lembro de colher no mato e guardar todo tipo de ervinha, galho, folha e flor dentro desses potes de vidro pra brincar de fazer comidinha.


Achei também esses centavos e alguns cruzeiros, adorei os desenhos atrás das moedas.




Esses vidrinhos antigos de homeopatia me surpreenderam, ADOREI!
No primeiro vidrinho pode-se ler "Camomilla 3a" (com dois eles) e no segundo está escrito "Óleo de Bacalhau", dei uma pesquisada e descobri que é bom para enxaqueca.


Coleção de selos da minha tia que ficava numa pasta, hoje estão numa caixinha de calculadora. Eles tê m os mais diversos desenhos, nacionalidades e estilos, desde selos de Natal até selos em Braile, é realmente incrível!


Este selo colombiano em comemoração ao centenário da invenção do telefone foi o que mais me chamou a atenção.


Garrafas velhas da Brahma e Coca-Cola.


Esta florzinha floresceu lindamente. Ela sempre floresceu "lá na laje da vovó".


Está aí um dos poucos brinquedos da minha época que achei por lá: o regador vermelho que tinha um irmão azul, rsrs. Nós molhávamos as plantinhas da vovó quando não chovia.



Esse morango silvestre é o maior sobrevivente, o pé dele está três vezes menor do que era e bem minguadinho, achei esse morango caído e esquecido no chão.


"Óculos antigo que eu não sei a quem pertence, mas vou descobrir. É bom lembrar que eles estão na moda novamente."

Esse trecho aspeado acima foi escrito quando eu ainda não sabia quem era o dono dos óculos, porém logo após eu mandar o link do post pra minha tia ler, ela me esclareceu que esse óculo era do meu avô Martins que eu infelizmente, nunca conheci, e ele o usava quando morreu. Fiquei extremamente emocionada com isso, que coisa maravilhosa, que presente, que dia surpreendente.


Mini máquina de costura ainda com linha.

 

Esses trevinhos também sempre floresceram por lá, gostei de encontrá-los.


E assim acaba o meu registro do passado, confesso que ainda espero achar mais coisas antigas e nostálgicas para fotografar e postar aqui. 

Continuarei na busca e na espera.

Lisys D.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

The Painted Veil: Xangai + Erik Satie

Apesar de chamado de "O Despertar de Uma Paixão" no Brasil, não se trata de um romance, nem mesmo um romance comum."O Véu Pintado" de 2006, é a terceira adaptação do livro (1925) de mesmo nome do autor W. Somerset. Tendo como plano de fundo a cidade de Xangai em 1920. O filme conta a história de Walter Fane (Edward Norton), um médico rico e sua esposa Kitty Waters (Naomi Watts) que se casa com ele por pressão da família e que acabam se mudando para uma vila na China assolada por um surto de cólera, tudo isso por conta da infidelidade de Kitty, que leva Walter a se voluntariar para ajudar essa vila como uma forma de vingança contra Kitty. A partir daí, o filme mostra como todo esse cenário, com um ambiente instigante, muda o relacionamento dos dois.



A primeira versão é de 1934, intitulada "The Painted Veil", dirigida por Ryszard Bolesławski e estreiando Greta Garbo; a segunda chama-se "The Seventh Sin", é de 1957. Mais tarde, em 1995, no filme "Seven" de David Fincher, W. Somerset é homenageado através do personagem de Morgan Freeman que é chamado de William Somerset e através de várias referências ao seu livro "Servidão Humana".



A fotografia do filme é do inglês Stuart Dryburgh, o mesmo do filme "O Piano" de 1993 (que ainda será tema de um post, pois é realmente fantástico!) e tem o poder de nos encantar soberbamente, assim como a trilha sonora que é composta por Alexandre Desplat e conta com a "Gnossiennes No. 1" de Erik Satie que, na minha opinião, é o grande trunfo musical do filme e que lhe garantiu o Globo de Ouro.


O projeto que levou cincos anos para ser realizado finalizou-se como uma obra de arte digna de admiração e prêmios. Além da fotografia e da trilha sonora, os diálogos, o silêncio, as atuações e a trama, nos envolve de uma forma incrível, nos levando para uma China onírica e uma história arrebatadora. Gosto de destacar também a atuação de Edward Norton e Naomi Watts, que é indiscutivelmente cativante.


The Painted Veil - Gnossienne nº 1, Erik Satie


Por isso, escrevo e indico esse filme que nos faz viajar e tem o poder de extasiar; depois que acaba, é só fechar os olhos para que a Gnossiennes de Satie fique ecoando na mente te fazendo provar mais um pouquinho da aura do véu pintado.



Lisys D.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O Olho do Diabo (Djävulens öga), de Ingmar Bergman, 1960

Ontem eu estava dando uma olhada no meu idoso blog no Tumblr: lisys.tumblr.com e logo coloquei o /archive no final do link para acessar os meus primeiros posts no final de 2009. Fazendo isso, me deparei com uma texto bem pequeno em sueco com uma foto de um filme antigo que logo que olhei sorri, aí pensei, eu preciso escrever sobre isso!

Logo que conheci Ingmar Bergman, me apaixonei. E claro, comecei assistindo "O Sétimo Selo" e "Persona", os clássicos. Não demorou muito para eu procurar outros filmes e, inevitavelmente, me deparei com uma comédia dele chamada "O Olho do Diabo". Confesso que fiquei espantada, estava acostumada a assistir seus dramas, filmes reflexivos, questionadores da existência e, de repente, dou de cara com uma comédia, fiquei empolgadíssima, Bergman fazendo comédia? Só pode ser coisa boa.



A última vez que assisti esse filme foi em 2009, é claro que eu achei o filme FANTÁSTICO, assisti-o duas vezes e acabei fazendo um trabalho sobre ele na faculdade de Letras que eu cursava na época.
Afinal de contas, do que se trata esse filme? A premissa do filme é um provérbio irlandês: 

"A castidade de uma jovem é um terçol
no olho do diabo."


A partir daí, nos é comunicado que o inferno está muito agitado por conta de um terçol no olho do diabo e que esse mal é causado por causa da virgindade de uma jovem prestes a se casar. Não muito feliz com isso, o diabo aposta suas fichas em Don Juan e envia-o à Terra para seduzir a jovem e impedi-la de casar-se.



É especialmente gostoso acompanhar as investidas de Don Juan, suas táticas e como o feitiço vira contra o feiticeiro! Temos ainda o prazer de assistir o romance de seu fiel escudeiro, Pablo, com a esposa do Pastor e os esforços de um demônio que o perturba e acaba preso num armário. E isso é só um pouco do que acontece no filme, por isso indico e convido vocês a assistirem essa comédia refinada do mestre Ingmar Bergman.



Aqui no Brasil, a Versátil Home Video é a responsável pela distribuição dos filmes de Bergman, assim como outros muitos filmes europeus, clássicos, cults, enfim, coisas realmente muito boas e raras no Brasil. Gostaria de destacar também o design das capas e menus que são muito bonitos e a qualidade das imagens e das legendas.  

É com humor e diálogos apurados e uma fotografia realmente linda que o diretor sueco, mais uma vez, encanta o público e conta uma ótima história (particularmente, acho a premissa do filme fantástica, uma sacada de mestre mesmo!) que, assim como seus dramas, nos faz pensar, refletir, ir um pouco mais além, nos emocionar e melhor ainda: nos faz, além de rir, SORRIR.

Lisys D.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Relato de um náufrago de Gabriel García Márquez

No primeiro post sobre um livro pensei em falar sobre O Conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas, mas confesso que ainda estou no capítulo 4 e o livro tem SOMENTE 1663 páginas e eu não avancei o suficiente para fazer um texto consistente. Portanto, falarei sobre um livro que ganhei de aniversário (junho de 2013) do meu marido e que devorei muito rapidamente: Relato de um náufrago de Gabriel García Márquez, também conhecido como meu escritor favorito.

Esse livro de 143 páginas, assim como "Do amor e outros demônios", surgiu de uma notícia que chegou até García Márquez, este último, enquanto trabalhava no jornal El Espectador, e mais uma vez, o autor soube manejar e recontar essa aventura num livro instigante e ligeiramente tenso.

Acho que é impossível que esse história não te seduza. Existe um perfeito "conhecer" que te leva a se aproximar do personagem, se envolver nos seus pensamentos, nos seus sentimentos e naquele ambiente molhado e quente de maresia e marinheiros.

É de se esperar numa história dessas que o náufrago se salve, se dê bem no final, triunfe sob aquela situação opressora e injusta e de fato, isso acontece, porém, como mestre que é, Gabriel nos faz ver um lado que a maioria dos livros e filmes - principalmente americanos - não nos contam, "e logo abandonado pelo governo e esquecido para sempre." Ele nos descreve que um ato, por mais heroico que seja, passa. O tempo "apaga". E acaba por ser muito mais importante para quem o vivenciou do que "para a nação" que deu-lhe o título e, ironicamente, até o próprio herói se esquece e acaba por ser quem era antes, só que com algo a mais no currículo, que nem é tão importante ao final das contas.



Acho legal destacar o subtítulo do livro que, ligeiramente, resume a história: 

"que esteve dez dias à deriva numa balsa, sem comer nem beber, que foi proclamado herói da pátria, beijado pelas rainhas da beleza, enriquecido pela publicidade, e logo abandonado pelo governo e esquecido para sempre."


O livro contém um mapa e eu, particularmente, adoro livros com mapas, me dão uma sensação de aventura real, algo muito sério e não ficcional. Você consegue situar a história e enriquecer sua imaginação em relação à locação da narração.



A verdade é que esse livro me fez refletir sobre como TUDO PASSA. Esse clichê é realmente maravilhoso e essa história ilustra muito bem como coisas tão incríveis e heroicas, sofridas e admiráveis, (devo destacar que ele passou fome, sede, estava machucado e sentiu muitas dores) dignas e emocionantes passam. E o que fica disso tudo? Você decide. Nós decidimos o que tirar disso e temos muitas opções, apesar de não parecer: experiência, rancor, riso, cicatrizes das quais se orgulhar ou odiar.

Para mim, o náufrago é o seu próprio herói.

Lisys D.

Nikkormat FT2

Resolvi que o primeiro post do blog seria sobre fotografia porque eu estou totalmente apaixonada pela Nikkormat FT2 que eu ganhei de presente dos meus tios tão queridos. A câmera está em perfeitas condições depois de passar por um técnico antes de eu ganhar (luxo!). Indico este artigo da Queimando Filme se quiserem saber mais um pouquinho sobre esta câmera analógica fantástica, pois explicar seus atributos não é meu objetivo aqui, tenho certeza que vocês ficarão maravilhados.


Tendo uma dessas peças preciosas nas minhas mãos e mais um monte de acessórios legais como filtros, lentes e filmes em P&B, me vi encarregada da missão de fazer o que nomeei de "Digno Experimento" com isso tudo que me foi dado. Primeiro para "honrar" o valor do que eu tenho nas mãos, segundo para aperfeiçoar as minhas técnicas fotográficas com uma máquina analógica (isso sim é um DESAFIO).


Acima vocês podem ver a foto da Nikkormat já equipada com um filme colorido da Fujifilm ISO 200 e uma lente de 50mm Nikkor - H, Auto, 1:2 e uma lente de 35mm, Soligor Wide-Auto, 1:2.8. Usei essas duas lentes no primeiro experimento que fiz fotografando as mais diversas situações, coisas, ângulos, climas e motivos. Devo ter levado uns 30 dias ou mais um pouco para terminar com um filme colorido de 36 poses. Abaixo, vocês podem ver as poses do filme colorido já acabando, fazendo minha ansiedade aumentar!

Filme preto e branco colocado logo que o colorido acabou. Kodak Professional BW 400 CN 135-36
Um fato engraçado foi eu ter que pesquisar na internet e ler o manual em inglês de como "Load an Unload" o filme da câmera, que para o meu espanto é bem complicadinho já que eu estava acostumada com câmeras analógicas que "puxavam" o filme automaticamente. Ao contrário disso, a Nikkormat é TOTALMENTE manual, morri de rir quando me vi virando manivela no escuro para poder fotografar coisas que só me seriam reveladas daqui pelo menos 2 meses.

Filme colorido retirado e guardado na bolsinha de couro (que só pra citar, é um mimo) e filme P&B já fora da caixinha

E claro, isso tudo contribuiu para minha ansiedade e essa ansiedade virou combustível para eu "blogar" essa história toda mesmo sem ter revelado as fotos, acho até que esse é um ótimo assunto para um outro post no blog, ahahaha.

Então, é assim que eu introduzo e convido todos a me acompanharem nessa missão/experimento de fotografar numa câmera profissional analógica!
Agora vocês sabem um pouquinho do que eu ando fazendo.

Até o próximo post com fotos e ansiedades reveladas!

Lisys D.