sexta-feira, 22 de maio de 2015

Fotografando minha filha

O que sem dúvidas posso afirmar sobre esse ensaio com a Isadora é que foi totalmente inesperado e improvisado. Heitor está somente com 2 meses de idade e eu, é claro, estou limitada em vários sentidos, e o limite espacial é um deles. Por isso, para saciar minha vontade de fotografar resolvi fotografar minha baixinha. Aproveitei a roupa que ela estava (uma jardineira e uma blusa listrada) e só arrumei o cabelo; penteei e coloquei uma das minhas margaridas no cabelinho dela. Assim que a modelo ficou pronta dei o próximo passo e comecei a pensar numa locação interessante pras fotos. Minutos depois, frustrada, me dei conta que não tinha. O dia estava feio, nublado, com certeza choveria. O bebê chorava num quarto e eu aflita, me dividia entre consolar o bebê e me render ao prazer da fotografia. Mas sabem, nós mães somos muito espertas e mestres do improviso. Peguei a cadeirinha do bebê, coloquei-o bem embaladinho nela, balancei uns segundos e ele sossegou. Corri pra varanda de trás da minha casa onde se encontra uma parede feinha, molhada e antiga, sim... pensei, vou arriscar! E deu certo! As fotos ficaram realmente muito boas. Eu e Isadora somos uma dupla e tanto! Eu fui guiando-a nas poses e movimentos e ela deu ideias fantásticas como a de uma foto na nossa rede. Sessão terminada, fui pintar mais algumas caixinhas que me encomendaram (e isso é conversa pra outro post, hahaha) e ouvi Isadora saindo do banho e se arrumando. Ela escolheu um casaquinho lindo, novo e que se ajusta perfeitamente no seu corpinho esguio. PLIM! Como está bonitinha! Vamos fazer só mais algumas fotos? Vamos mamãe. E assim nasceu a segunda parte do ensaio. 

As fotografias podem ser vistas também na minha página no Facebook: Lisys Darcy Fotografia.

Aproveitem para curtir a página e acompanhar todas as novidades que vem por aí!

Enfim, pessoal, eis as fotos que nasceram de um impulso, de uma parceria e de uma iluminação divina num dia nublado. Espero que apreciem.












Lisys D.



segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Registrando o passado - parte 3

Depois de quase 5 meses sem postar, estou de volta! E retorno com o tipo de postagem que eu mais gosto de fazer: sobre fotografia e sobre o passado. Quem me conhece sabe o quanto eu amo fotos, objetos, histórias e fatos antigos e acontece que eu mantinha uma caixa de coisas antigas que precisavam ser organizadas e o dia da organização chegou!

Olhei, mexi, revirei, separei e ordenei algumas fotos e objetos que me chamaram atenção e que gostei. Dessa vez as fotos são da minha família por parte de mãe, mais exatamente fotos da minha tia Jane que mora nos Estados Unidos, alguns postais, 3x4, e documentos.

Como viram, esse é o Registrando o passado, parte 3. Os anteriores vocês podem acessar no link Registando o passado - parte 1 e Registrando o passado - parte 2

Sendo breve, pois a vida o é, aí estão as fotos e suas histórias:


 Marrie e eu dando uma olhada na caixa bagunçada

 As coisas já separadinhas e em fase de arrumação para o post no blog

Amei essas fotografias principalmente porque são lindas. Atrás da primeira está escrito: "This is the first thing that you see when you land in Bora Bora. This Island is a 45 minute flight from Tahiti." Na segunda lê-se: "A view of the lagoon where I was staying in Bora Bora. Na terceira: "A sunset in is Moorea. It is like this nearly every night. E na última: "A sunset in Bora Bora. That little island is where we would go every day to swim, .... "e o resto está manchado, portanto ilegível.

Lindo lugar! Sem dúvidas!


Esses postais são de lugares variados. O primeiro e o último são em Lakes Park, Ft. Myers, Florida.
 O segundo em São Francisco. O terceiro em New York.


Mais fotos de paisagens que eu gostei. Tem um restaurante em um barco em Marco Island, hortas na Geórgia, cavernas e uma capelinha.

Mais paisagens: flamingos no Bush Gardens, eles são o símbolo da Flórida; estátua de Alexandre II em Helsínquia, capital da Finlândia; prédio do balé de New York;e mais algumas fotos de hortas e paisagens urbanas.

Mais alguns postais! Nossa, como é bom olhar esses postais antigos! Eu me identifico demais, pois guardo alguns poucos postais que compro dos poucos lugares que já fui, hahaha. 
O mais interessante sobre eles é que os quatro primeiros foram coloridos à mão! O primeiro mostra o Excelssor Hotel no Ceará (cidade natal do meu avô); o segundo o Theatro José de Alencar com vista para a Faculdade de Medicina em Fortaleza, Ceará; o terceiro a Cidade da Criança, Fortaleza, Ceará; o quarto a Margem do Rio Cocó, Mata Galinha, Fortaleza, Ceará e por último, a Praia de Copacabana no Rio de Janeiro. Detalhe para o "Beba Coca-Cola" na direita! hahahaha

Fotos de New York em 1986. Destaque pro cinza das fotos. Lindo, lindo.

Agora passando das paisagens para alguns documentos e fotos, essas são identidades do meu avô Martins. Não entendi o por que de tantas vias, mas achei o máximo! hahaha


Algumas fotos 3x4. Conheço alguns rostos, outros não. Mas isso que é legal, afinal!

Algumas galinhas que minha avó criava. Fiquei feliz em achar essas fotos, pois achava que só guardaria lembranças delas na minha cabeça. Eu adorava brincar com elas, apesar de serem barulhentas e bagunceiras, hahaha.

Fotos de estrada, Aparecida do Norte em 1977 e algumas pessoas que eu não conheço, mas a foto me chamou a atenção pois atrás está escrito "O corcel é vermelho". 

Fotos da minha mãe e minha tia com alguns amigos na praia, minha avó Therezinha na praia, com seu companheiro Manel, tio Paulinho e tia Angela e por último uma foto do antigo fusquinha da vovó! Fique tão feliz de achar essa foto! Mas confesso que meio decepcionada porque na minha cabeça ele era amarelo... a não ser que eles tenham pintado, é uma hipótese!

Título de eleitor antigo, cartão de gatinho, foto antiga das minhas tias, da minha mãe e da minha vó Therezinha e um cartão de autorização da Fábrica Ypú.

Fotos do famoso ponto turístico friburguense: o Cão Sentado. Data de agosto de 1983.

Tenho certeza que existem muito mais fotos e coisas legais pra eu achar. Esse ano me comprometi a arrumar essas "velharias" e postar pra vocês o que eu achar interessante. Espero que tenham gostado, mesmo sendo algo tão pessoal e sobre pessoas que vocês nem se quer conhecem. 

Termino esse post com o coração aquecido.

Até a próxima.

Lisys D.



quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Registrando o passado - parte 2

Na última segunda-feira (18/08) fui visitar a minha vó Antônia (mãe do meu pai) e passamos a tarde juntas. Foi tudo muito bom e renovador, pois casa de vó é: queijo da roça, pãozinho com mortadela, café, doce de abóbora, goiabada, almoço suculento; panelas ariadas, chão limpinho, banheiro cheiroso, roupa no varal, louça lavada; fé, esperança, bom humor, sabedoria; fotos antigas, boas histórias, aconchego, abraço, colinho; Casa de vó é: PURO AMOR e AMOR PURO.

É a segunda vez que tenho a oportunidade de "dar uma voltinha" no passado e novamente descobrir, desvendar, aprender, conhecer e principalmente, REGISTRAR essa experiência. A primeira vez que "registrei o passado" foi na casa da minha vó por parte de mãe e está disponível aqui pra vocês lerem e verem as fotos que são muito bonitas e emocionantes.

Atendo-me às fotografias (pois não é novidade que AMO fotos), minha vó me mostrou alguns álbuns e uma caixa com 3x4 soltas, fotos de vários tamanhos e cores. Encantada, mas desprovida da minha câmera, peguei o celular e comecei a fotografar as fotografias. Como diz minha outra vó: "Mas que desatino, tirar foto da foto!". Pois bem, foi nesse desatino todo que eu me vi envolvida e emocionada com as fotos dos meus avós, meus tios, meu pai, os pais da minha vó e alguns amigos antigos. Fotografias que contavam histórias sobre um mundo antes de eu existir, antes de eu ser a filha do meu pai, histórias da minha vó e do meu vô querido que já partiu desse mundo, mas que deixou seu registro, sua marca, suas fotografias, seus filhos e netos.

Se me alcançou, emocionou, tem foto e história, acaba virando post pro blog! Por isso vou  compartilhar com vocês algumas fotografias que gostei.






As fotografias estavam nessa caixa que também tem um boa história: foi dada de presente à minha vó Antônia pelo pai de uma das minhas primas por parte de mãe. "Um gringo muito gente boa", como comentou vovó. 


Tinham alguns monóculos bem legais também, com fotografias do meu pai desfilando pela escola e pessoas da família como primas, primos e noivos com seus padrinhos.


Essa foi a primeira foto que vi do meu vô Rubens mais novo. Na primeira ele me lembra um médico e na segunda um cantor do passado ou um garçom, kkkkk.



Essa foto é do meu pai, não sei com que idade, me lembra algum ator de cinema. Minha vó concorda, mas também não lembra o nome do ator.


Minha vó Antônia desfilando pelo MOBRAL. Adorei a roupa!


Vovó Antônia almoçando no Madalosso! Chiquérrimo. Morei em Curitiba um bom tempo e não tive essa oportunidade. Lugar lindo demais, adorei ver essa fotografia, me lembrou O Iluminado, hahaha. (quinta pessoa à esquerda)


Dois caminhões que meu avô vendeu e nunca recebeu. Muita sacanagem! 



Essas fotos miudinhas me chamara a atenção, em especial essa do pôr-do-sol em Araruama e a do meio em que estão (da esquerda pra direita) meu tio Ricardo, filho mais novo, meu pai Jorge, filho mais velho e tio Ruiter, o mais novo.


Pais da minha vó Antônia. Muito prazer, bisos! 


Fiquei boba com a quantidade de fotos 3x4! São fotos dos filhos, dos tios, primos, sobrinhos, netos, amigos, filhos dos filhos de conhecidos... bem legal!


Pai da vovó, pai e mãe da vovó; Vovó Antônia mais velha e mais nova; Vovô Rubens mais novo e mais velho; Tio Ricardo, meu pai Jorge nas quatro fotos do meio e tio Ruiter nas duas últimas.


Essas fotografias do meu pai me deixaram de queixo caído! MEU PAI ERA LINDO! hahahaha... a segunda foto me confundiu demais, pois fiquei na dúvida se era ele ou minha irmã Érika! Impressionante. E preciso comentar que a terceira é um charme, muita cara daqueles moleques que galanteiam as meninas na escola. E a última me lembrou o Richie Gecko criança, daquela série Um Drink no Inferno, rsrs. Gracinha!


Inscrição do meu pai na Academia de Polícia. Concurso de Detetive. Nunca ia imaginar, muito legal!





Papai "razano" de moto! Super maneiro.


Selfie! ahahahaha


E por fim, a foto que me deixou mais impressionada: meu pai no dia do casamento com minha mãe. Aí sim eu entendi porque ela se apaixonou, hahahahaha! Lindão pai! (palmas) Só vou cobrar meus olhos claros forever! 

Então é isso, espero que tenham gostado mesmo sendo uma coisa muito pessoal e específica. Fico pensando que ninguém vai se interessar por uma postagem sobre a minha família, meus avós e pai, mas isso foi tão importante pra mim que não me importo. Por isso repito:

Se me alcançou, emocionou, tem foto e história, acaba virando post pro blog!

Um abraço,

Lisys D.

sábado, 16 de agosto de 2014

Sendo publicada no Jornal

Uma proposta inesperada chegou até a mim como redenção. Ana Blue, colunista do Jornal A Voz da Serra (um dos maiores e mais importantes jornais da cidade de Nova Friburgo e Região Serrana do Rio de Janeiro) viu uma fotografia minha que compartilhei no meu perfil do Facebook e imediatamente foi tocada pela foto. Um senhor negro, maltrapilho, mas com um olhar penetrante, olhos que conversam com a gente, que nos alcançam direto no coração. A fotografia vinha acompanhada de um diálogo que eu tive com o homem: "Mocinha, você tirou uma foto minha?! Tirei sim. Humm... vê se me entrega quando revelar, hoje estou muito feliz! Eu também. Entrego sim."

Tais palavras atingiram Ana Blue de uma forma extraordinária a ponto de inspirá-la a escrever uma crônica sobre esse fato tão peculiar. Ela me contactou e eu dei mais informações sobre o dia e como eu fiz a foto. E rapidamente Blue começou a fazer o que faz de melhor e com muita sensibilidade e esmero. 

Pauta sugerida, pauta aprovada. Da fotografia nasceu o texto, do texto o contexto, e dos dois uma história notável e emocionante.

Minha primeira publicação num jornal, como estou feliz e agradecida!

Obrigada Antônio, Benedito, João, obrigada Isadora, obrigada Ana Blue, obrigada A Voz da Serra, obrigada Lisys.

Lisys D.

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Antônio, Benedito, João


Lisys colocou a máquina e as lentes na mochila, escovou os dentes e deu uma última ajeitada no cabelo de Isadora. O destino era até interessante — uma apresentação circense na praça, programa legal para espantar o inverno — mas Lisys realmente não sabia o que iria encontrar. Autômata como todas as mães, amarrou os sapatos de Isadora e olhou para o céu, pra ver se não iria chover. Programação de inverno de mãe é assim: vigiar o céu, a chuva improvável, a neblina, as roupas para secar. 

Mochila nas costas, a pequena no colo, Lisys trancou o portão e saiu. Na praça, espectadores aguardavam o palhaço e suas palhacices, o maior espetáculo da Terra. Ou seriam malabaristas? Ou trapezistas? Fato é que, desculpe o trocadilho infame, o circo estava armado — e lá estavam mãe e filha, mochila, máquina e lentes. Na paisagem, uma cena se destacou. Entre lona, crianças e plateia, um senhor compenetrado aguardava o início da alegria. Sozinho.

Muitos assistem a espetáculos sozinhos. Não ter companhia não é crime nem pecado, mas a solidão desse homem era diferente. As pessoas não se sentavam ao seu lado. Roupa suja, cabelos desgrenhados, seria por isso? Talvez, quem sabe. É estranho afirmar que esta tenha sido a razão, uma vez que sua imagem poderia muito bem estampar uma capa de CD de blues. Um homem só, sentado num banco de concreto, um simples homem por trás dos óculos, como diria Drummond — acaso tivesse óculos.
Ocorreu à Isadora, a pequena de olhos grandes e cabelo de algodão-doce, que se sentar ao lado dele com sua mãe era perfeitamente natural. E sentou-se. Fosse qual fosse o motivo pelo qual as pessoas fugiam — Parece mendigo! Está fedorento! Tem cara de ladrão! —, nenhum deles impediu Isadora de exercitar a pureza das crianças de três anos, que perdemos tão logo crescemos. E, crescendo, nos tornamos medrosos — e segregacionistas. E, uma vez escolhendo o outro seguindo qualquer tipo de critério, já não somos puros como Isadora. 

Lisys tirou da mochila máquina e lentes. E conseguiu transformar tanta sensibilidade em uma imagem. Um olhar compenetrado, de um homem que não teve moedas para oferecer ao artista circense, mas ofereceu algo muito maior de si mesmo para o espetáculo: a atenção inabalável. Quantos homens, hoje, oferecem tanto de si para o outro?

Isadora e Lisys têm nome. Qual seria o nome do homem sentado no banco de concreto? Antônio? Benedito, João? Lisys não teve tempo de perguntar. Após o clique, ele insistiu muitas vezes: Moça, você traz a foto pra mim? Eu não tenho imagem alguma de mim. "Entrego, sim senhor”. Autômata como todas as mães, ela guardou máquina e lentes na mochila, pegou a filha no colo e foi embora. Antes que chovesse, antes que o sereno gripasse Isadora. E sua história bateu na minha porta e virou crônica.

Antônio, Benedito, João, ou seja lá qual nome tenha o senhor, que bom seria se todos os homens do mundo tivessem a verdadeira imagem de si e pudessem revelá-la. E, tal como a flor e a náusea de Drummond, furassem o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio. Este sim, seria o maior espetáculo da Terra. Se todos fossem Isadora.

texto disponível no link: 
http://www.avozdaserra.com.br/noticia_light/3338/blue-light-antonio-benedito-joao